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segunda-feira, 9 de novembro de 2015
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
22/09/2015 - Lamento pela Vinha de Deus - Isaías 5.1-30
LAMENTO PELA VINHA DE DEUS
A ira do Senhor se acende contra o seu povo, quando este rejeita a Sua Lei e despreza a Sua Palavra.
Isaías 5.1-30
O capítulo 5 começa com um poema famoso de lamento, onde, sob a imagem da vinha infrutífera, o povo de Deus é advertido novamente, com grande urgência, sobre o vindouro dia do acerto de contas à luz da destruição devastadora que deveria ocorrer.
Mas se há alguma esperança, como ele se relaciona com o julgamento e como ela será concretizada? Como pode a cidade infiel se tornar a cidade fiel?
Os problemas que o profeta apresenta nessa passagem ressaltam, ainda mais, a justiça de Deus. Os sintomas sociais, ou pecados narrados no texto, revelam uma doença espiritual; o povo é enganado pelo pecado (v. 18-19), reverte os absolutos morais de Deus (v. 20) e é tolo o bastante para imaginar ser autossuficiente (v. 21), pensando ser meramente autoindulgente (v. 22-24), ou seja, é sábio aos seus próprios olhos pensando ser capaz de conceder perdão a si mesmo.
Não é à toa que este capítulo termina com escuridão incessante e grande angústia (v.30).
Por essa razão podemos afirmar que a ira do Senhor se acende contra o seu povo, quando este rejeita a Sua Lei e despreza a Sua Palavra.
1- O ZELO DO SENHOR E A CORRUPÇÃO DO POVO (v. 1-7)
O profeta inicia este capítulo apresentando, em forma de um cântico ou de um poema, a vinha de alguém que lhe era muito caro, uma pessoa amada.
Após expor o tema dessa canção ou desse poema, ele começa a descrever a vinha desse amigo, mostrando que se tratava de uma vinha extremamente favorecida: estava localizada em uma colina, cuja terra era muito fértil e, além desse privilégio, ainda era cuidada com todo o zelo pelo seu dono que afofava a terra, limpava as ervas daninhas e as pedras. Não somente isto, mas o dono da vinha também construiu ali uma torre e um tanque onde as uvas seriam pisadas para se extrair o vinho.
Mas o resultado não foi o pretendido: em lugar de uvas boas, a vinha produziu uvas bravas; pequenas, amargas e nada se podia fazer com elas.
Agora, no verso 3, não temos mais o profeta se referindo à vinha, mas sim o seu próprio dono.
Ele convoca os moradores de Jerusalém e de Judá a se pronunciarem acerca daquilo que deveria fazer diante da seguinte situação: plantou a vinha, cuidou dela, mas seus frutos não eram bons. Como não havia mais nada a se fazer com a vinha má, provavelmente o veredito do povo tenha sido na direção de apoiar ao senhor da vinha a deixa-la de lado, abandoná-la para que ela perecesse.
Interessante voltarmos olhos para o relato de II Samuel 12.1-7a, quando o profeta Natã repreende a Davi por conta do pecado cometido pelo Rei. Davi se ira contra o personagem da
história narrada pelo profeta. Contudo, aquele homem cruel apesentado por Natã, era o próprio
Rei Davi.
Não somos diferentes de Jerusalém, de Judá ou do Rei Davi; muitas vezes somos prontos
a apontar os pecados dos outros e nos esquecemos dos nossos, afinal de contas, há esperança,
há perdão e não há com o que nos preocuparmos. Será?
De fato, há esperança, mas essa esperança não nos tira do presente, nem nos afasta
da nossa responsabilidade diante do pecado.
No verso 7, então, Isaías retoma o discurso e esclarece que o senhor da vinha é o Deus
Yahveh e a vinha, é a casa de Israel.
2- “AIS” – A IRA DE DEUS CONTRA OS QUE REJEITAM A SUA LEI (v. 8-25)
Esse bloco nos apresenta uma lista de problemas que são relacionados pelo profeta.
I. Cobiça/avareza – expandem suas propriedades infinitamente, mas haverá um tempo onde
essas casas estariam abandonadas (v. 8-10);
II. Libertinagem/orgias – amor ao prazer e abuso da bebida, mas a festa seria encerrada
com cativeiro, fome, sede (v. 11-17);
III. Arrogância/iniquidade – pecadores desavergonhados; zombam de Deus, pedindo uma
execução antecipada do Seu plano (v. 18-19);
IV. Perversão – falsificadores da verdade (v. 20);
V. Injustiça/orgulho – rejeitam a instrução divina por meio do profeta (v. 21);
VI. Excessos/corrupção – negam a justiça (v. 22-23).
Rejeitam a lei do Senhor e desprezam a Sua Palavra. Por isso se acende a ira do
Senhor contra o seu povo, contra a sua vinha. (v. 25).
Por causa do pecado, nossa carne odeia tudo em Deus. Essa afirmação pode parecer muito
dura, mas é real.
Olhando para carta de Paulo aos Gálatas, capítulo 5, versos 19 a 21, vemos uma relação
de pecados que constantemente estão diante de nós, alimentando o pendor da nossa carne.
Contudo, há no final desse bloco a sentença contra aqueles que vivem na prática do pecado de
forma contumaz, sem que esse pecado lhes cause qualquer constrangimento ou aponte para a
necessidade de arrependimento.
3- A JUSTA RETRIBUIÇÃO (v. 26-30)
É possível que a descrição feita nestes versos seja referente à Assíria, por conta do seu
poderio militar, sua disposição para a guerra e a crueldade com a qual subjugava os povos
inimigos (v. 29 – “... arrebatam a presa e não há quem a livre”).
É importante lembrarmos que mesmo nações ímpias que se levantaram contra o povo de
Deus, não passavam de instrumentos nas mãos de Deus. Egito, Babilônia, Assíria, Pérsia, mesmo
confiando em todo o seu poderio, sempre estiveram a serviço de Yahveh, para cumprir os Seus
propósitos em relação ao Seu povo. (Isaías 10.5-6).
Diante dessa cena não haveria tranquilidade para Israel por onde quer que fosse, pois, o seu pecado seria constantemente tratado por Deus e esse tratamento era manifestado através de juízo, punição e uma correção severa.
Contudo, mesmo diante de uma nação ímpia e tão cruel como era a Assíria, esse não era o maior problema do povo e não deveria ser a razão primeira do seu temor.
O maior problema daquele povo, que é também o nosso problema hoje, está descrito nas palavras de Jesus, narradas pelo evangelista Lucas, no capítulo 12, verso 5:
“Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, a esse deveis temer.”
Conclusão:
Essa é uma mensagem dura. As palavras do profeta, mais uma vez, apontam o pecado e a dureza no coração do povo. Por essa razão, o juízo de Deus seria derramado justamente.
Mas precisamos dessa mensagem sombria, dura, porque Deus não só expõe o pecado do povo, mas Ele vai agir contra esse pecado.
Como é então que a exposição do pecado e da promessa de julgamento pode nos trazer esperança?
A esperança consiste no fato de que, uma vez conscientes do nosso pecado, devemos abandoná-lo, lutar contra ele e vivermos em novidade de vida, segundo as leis estabelecidas por Deus e segundo o que se exige daqueles que tiveram suas vidas transformadas pelo Cordeiro.
Nossa carne odeia tudo em Deus, pois para satisfazermos os desejos dela, precisamos estar distantes da Lei de Deus e de Sua Palavra. Mas quando estamos debaixo da Lei de Deus e de Sua Palavra, nossa carne vai sendo mortificada a cada dia, pois não é alimentada como deseja. Isso é santificação, e sem santificação ninguém verá o senhor, conforme Hebreus 12.14.
Se somos filhos de Deus, devemos viver como filhos de Deus.
Se fomos, de fato, lavados no sangue do Cordeiro, temos um padrão a seguir. Esse padrão é CRISTO!
Bibliografia
OSWALT, John. Isaías. Cultura Cristã: São Paulo, SP, 2011. JACKMAN, David. Teaching Isaiah. London: Proclamation Trust Media. 2010.
A ira do Senhor se acende contra o seu povo, quando este rejeita a Sua Lei e despreza a Sua Palavra.
Isaías 5.1-30
O capítulo 5 começa com um poema famoso de lamento, onde, sob a imagem da vinha infrutífera, o povo de Deus é advertido novamente, com grande urgência, sobre o vindouro dia do acerto de contas à luz da destruição devastadora que deveria ocorrer.
Mas se há alguma esperança, como ele se relaciona com o julgamento e como ela será concretizada? Como pode a cidade infiel se tornar a cidade fiel?
Os problemas que o profeta apresenta nessa passagem ressaltam, ainda mais, a justiça de Deus. Os sintomas sociais, ou pecados narrados no texto, revelam uma doença espiritual; o povo é enganado pelo pecado (v. 18-19), reverte os absolutos morais de Deus (v. 20) e é tolo o bastante para imaginar ser autossuficiente (v. 21), pensando ser meramente autoindulgente (v. 22-24), ou seja, é sábio aos seus próprios olhos pensando ser capaz de conceder perdão a si mesmo.
Não é à toa que este capítulo termina com escuridão incessante e grande angústia (v.30).
Por essa razão podemos afirmar que a ira do Senhor se acende contra o seu povo, quando este rejeita a Sua Lei e despreza a Sua Palavra.
1- O ZELO DO SENHOR E A CORRUPÇÃO DO POVO (v. 1-7)
O profeta inicia este capítulo apresentando, em forma de um cântico ou de um poema, a vinha de alguém que lhe era muito caro, uma pessoa amada.
Após expor o tema dessa canção ou desse poema, ele começa a descrever a vinha desse amigo, mostrando que se tratava de uma vinha extremamente favorecida: estava localizada em uma colina, cuja terra era muito fértil e, além desse privilégio, ainda era cuidada com todo o zelo pelo seu dono que afofava a terra, limpava as ervas daninhas e as pedras. Não somente isto, mas o dono da vinha também construiu ali uma torre e um tanque onde as uvas seriam pisadas para se extrair o vinho.
Mas o resultado não foi o pretendido: em lugar de uvas boas, a vinha produziu uvas bravas; pequenas, amargas e nada se podia fazer com elas.
Agora, no verso 3, não temos mais o profeta se referindo à vinha, mas sim o seu próprio dono.
Ele convoca os moradores de Jerusalém e de Judá a se pronunciarem acerca daquilo que deveria fazer diante da seguinte situação: plantou a vinha, cuidou dela, mas seus frutos não eram bons. Como não havia mais nada a se fazer com a vinha má, provavelmente o veredito do povo tenha sido na direção de apoiar ao senhor da vinha a deixa-la de lado, abandoná-la para que ela perecesse.
Interessante voltarmos olhos para o relato de II Samuel 12.1-7a, quando o profeta Natã repreende a Davi por conta do pecado cometido pelo Rei. Davi se ira contra o personagem da
história narrada pelo profeta. Contudo, aquele homem cruel apesentado por Natã, era o próprio
Rei Davi.
Não somos diferentes de Jerusalém, de Judá ou do Rei Davi; muitas vezes somos prontos
a apontar os pecados dos outros e nos esquecemos dos nossos, afinal de contas, há esperança,
há perdão e não há com o que nos preocuparmos. Será?
De fato, há esperança, mas essa esperança não nos tira do presente, nem nos afasta
da nossa responsabilidade diante do pecado.
No verso 7, então, Isaías retoma o discurso e esclarece que o senhor da vinha é o Deus
Yahveh e a vinha, é a casa de Israel.
2- “AIS” – A IRA DE DEUS CONTRA OS QUE REJEITAM A SUA LEI (v. 8-25)
Esse bloco nos apresenta uma lista de problemas que são relacionados pelo profeta.
I. Cobiça/avareza – expandem suas propriedades infinitamente, mas haverá um tempo onde
essas casas estariam abandonadas (v. 8-10);
II. Libertinagem/orgias – amor ao prazer e abuso da bebida, mas a festa seria encerrada
com cativeiro, fome, sede (v. 11-17);
III. Arrogância/iniquidade – pecadores desavergonhados; zombam de Deus, pedindo uma
execução antecipada do Seu plano (v. 18-19);
IV. Perversão – falsificadores da verdade (v. 20);
V. Injustiça/orgulho – rejeitam a instrução divina por meio do profeta (v. 21);
VI. Excessos/corrupção – negam a justiça (v. 22-23).
Rejeitam a lei do Senhor e desprezam a Sua Palavra. Por isso se acende a ira do
Senhor contra o seu povo, contra a sua vinha. (v. 25).
Por causa do pecado, nossa carne odeia tudo em Deus. Essa afirmação pode parecer muito
dura, mas é real.
Olhando para carta de Paulo aos Gálatas, capítulo 5, versos 19 a 21, vemos uma relação
de pecados que constantemente estão diante de nós, alimentando o pendor da nossa carne.
Contudo, há no final desse bloco a sentença contra aqueles que vivem na prática do pecado de
forma contumaz, sem que esse pecado lhes cause qualquer constrangimento ou aponte para a
necessidade de arrependimento.
3- A JUSTA RETRIBUIÇÃO (v. 26-30)
É possível que a descrição feita nestes versos seja referente à Assíria, por conta do seu
poderio militar, sua disposição para a guerra e a crueldade com a qual subjugava os povos
inimigos (v. 29 – “... arrebatam a presa e não há quem a livre”).
É importante lembrarmos que mesmo nações ímpias que se levantaram contra o povo de
Deus, não passavam de instrumentos nas mãos de Deus. Egito, Babilônia, Assíria, Pérsia, mesmo
confiando em todo o seu poderio, sempre estiveram a serviço de Yahveh, para cumprir os Seus
propósitos em relação ao Seu povo. (Isaías 10.5-6).
Diante dessa cena não haveria tranquilidade para Israel por onde quer que fosse, pois, o seu pecado seria constantemente tratado por Deus e esse tratamento era manifestado através de juízo, punição e uma correção severa.
Contudo, mesmo diante de uma nação ímpia e tão cruel como era a Assíria, esse não era o maior problema do povo e não deveria ser a razão primeira do seu temor.
O maior problema daquele povo, que é também o nosso problema hoje, está descrito nas palavras de Jesus, narradas pelo evangelista Lucas, no capítulo 12, verso 5:
“Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, a esse deveis temer.”
Conclusão:
Essa é uma mensagem dura. As palavras do profeta, mais uma vez, apontam o pecado e a dureza no coração do povo. Por essa razão, o juízo de Deus seria derramado justamente.
Mas precisamos dessa mensagem sombria, dura, porque Deus não só expõe o pecado do povo, mas Ele vai agir contra esse pecado.
Como é então que a exposição do pecado e da promessa de julgamento pode nos trazer esperança?
A esperança consiste no fato de que, uma vez conscientes do nosso pecado, devemos abandoná-lo, lutar contra ele e vivermos em novidade de vida, segundo as leis estabelecidas por Deus e segundo o que se exige daqueles que tiveram suas vidas transformadas pelo Cordeiro.
Nossa carne odeia tudo em Deus, pois para satisfazermos os desejos dela, precisamos estar distantes da Lei de Deus e de Sua Palavra. Mas quando estamos debaixo da Lei de Deus e de Sua Palavra, nossa carne vai sendo mortificada a cada dia, pois não é alimentada como deseja. Isso é santificação, e sem santificação ninguém verá o senhor, conforme Hebreus 12.14.
Se somos filhos de Deus, devemos viver como filhos de Deus.
Se fomos, de fato, lavados no sangue do Cordeiro, temos um padrão a seguir. Esse padrão é CRISTO!
Bibliografia
OSWALT, John. Isaías. Cultura Cristã: São Paulo, SP, 2011. JACKMAN, David. Teaching Isaiah. London: Proclamation Trust Media. 2010.
domingo, 18 de outubro de 2015
15/10/2015 - Esperança em meio a condenação - Isaías 4. 2-6
Esperança
em meio a condenação
O
Senhor promete restauração à nação pactual: o glorioso futuro garantido pelas
promessas de Deus.
Isaías 4.2-6
O livro de Isaías é
conhecido por suas mensagens duras ao povo de Israel no Antigo Testamento.
Imagine o leitor do
profeta diante das sentenças de juízo anunciadas. Imagine a reação deles diante
de palavras tão terríveis. Talvez, alguns, por causa da dureza de seus
corações, pudessem até permanecer indiferentes. Possivelmente essa indiferença
fosse a reação da maioria.
Mas imagine também o
contrário: o ouvinte ou leitor que perante à mensagem tão difícil, sente-se tocado
e, desesperado, busca uma solução. Seu destino parece ser terrível e sem saída.
De fato, sem as palavras de esperança dos capítulos 2.1-5 e 4.2-6, o leitor
original não poderia ver uma luz no fim do túnel. Sem elas, a única resposta
que faria sentido seria o total desespero, pois, o juízo teria como único
objetivo a punição.
Mas, em meio a terrível
sentença anunciada pelo profeta Isaías contra o povo de Judá e Samaria nos
capítulo 1 e 2.6-4.1 surge uma promessa contrastante entre aquilo que Israel é
e aquilo que Israel será. A “prostituta” seria mais uma vez chamada cidade
fiel.
A
Promessa do Renovo
A esperança de Judá diante
da sentença anunciada nos capítulos anteriores estaria no Renovo do Senhor.
Para alguns, este “Renovo” é uma referência ao próprio povo de Israel. No
entanto, o profeta Jeremias nos apresenta uma outra compreensão quando faz a
seguinte afirmação: “Eis que vem dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi
um Renovo justo; e rei que é, reinará e agirá sabiamente, e executará o juízo e
a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro;
será este o seu nome, como que será chamado: Senhor, Justiça nossa” (Jeremias
23.5-6). A partir dessas palavras podemos ver que Judá e Israel serão
beneficiadas nos dias do Renovo, portanto, Judá e Israel não são o renovo. Na
verdade, segundo o pesquisador do Antigo Testamento, John Oswalt, Israel
procede dele de maneira graciosa. Este Renovo que reinará é, portanto, uma
referência ao próprio Messias, ou seja, uma referência a Jesus Cristo. A glória
e o orgulho de Judá – que antes estava em suas próprias obras - estaria em
Jesus, aquele que é o mediador da glória de Deus (João 1.).
A
Promessa da Santificação
Uma nação que se tornou
tão diferente do Senhor em seu caráter moral, “naquele dia”[1],
virá a ser santa. É, portanto, na santificação do povo da aliança que reside o
propósito do juízo e da redenção. Por isso, David Jackman, um renomado teólogo e pastor inglês, afirma que a
disciplina de Deus tem um propósito restaurador. Deus quer que seu povo seja
santo. Em parte, porque pertencemos à Ele e, em parte, porque temos como dever
a manifestação do caráter divino.
A
Promessa de Proteção
A linguagem usada pelo
profeta nessa passagem deve ter levado seu leitor a uma profunda reflexão em
relação aos acontecimentos do passado. Ela levaria o povo de Judá a considerar
o pacto de Deus, ao qual, Ele é fiel. Assim como foi a proteção de Yahweh[2]
sobre o povo de Israel quando saíram do Egito, assim seria novamente. No
entanto esta proteção não é restrita a uma nação específica, mas é possessão de
todos o que adoram o Deus de Sião.
O mesmo fogo que os
purifica, é agora sua proteção e segurança. John Oswalt afirma: “E assim o
autor está dizendo que não há nada no universo criado que possa prejudicar os
que pertencem a Deus.”
Lembramos aqui das
palavras do salmista:
“O que habita no
esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente e diz ao Senhor: Meu
refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem me refugio.” (Sl. 91.1)
Conclusão
Concluímos, a partir da
reflexão feita acima, que não é prudente desconsiderar o sofrimento. Pode ser
que ele seja Deus nos guiando à auto avaliação e, por conseguinte, ao
arrependimento. Neste sentido, as lutas da vida, as dores e o castigo divino são
bençãos de Deus.
Esta é também uma
palavra de esperança para aqueles que sofrem. Na verdade, todos sofrem, mas, há
aqueles que sabem em quem repousar seu coração em tempos de angustia. Outros,
diante das lutas, não vêem alternativa alguma para seus problemas e por isso
apenas aguardam em desespero as piores coisas.
Aos que chegaram à
consciência de sua carência, pecado e dependência de Deus, este texto os
convida a colocar suas expectativas em Jesus. Ele é a luz do mundo, a luz no
final do túnel, o refrigério em tempos de aflição, a salvação para o homem
condenado pela culpa e pelo pecado herdado de nossos pais. Coloque, portanto,
seu coração e fé em Jesus.
Em Deus podemos nos
sentir seguros. Ele é aquele que nos protege; e nada poderá nos fazer mal. “Se
Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31).
[1] A
expressão “naquele dia” em versos anteriores, faz referência a um dia de juízo
terrível, no entanto, nesta passagem, a referência é ao dia da redenção do povo
de Deus. Redenção esta pela qual os eleitos de Deus foram alcançados no
sacrifício de Jesus e, a qual, ainda se espera plenamente na segunda vinda de
Jesus.
[2]
Nome para Deus no Antigo Testamento. O sentido do nome é explicado em Êxodo
3.14, onde se traduz, “Eu sou o que sou”. Assim interpretado, o nome indica a
imutabilidade de Deus. Contudo, não indica a imutabilidade de seu ser
essencial, mas sim a imutabilidade de sua relação com seu povo.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
08/10/2015 - A Loucura da Dependência Humana - Isaías 3.1-4
A Loucura da Dependência Humana
A
rebelião orgulhosa é auto destrutiva porque desencadeia a justa retribuição do
pacto do Senhor.
“Cada povo tem o governo que merece”.
Provavelmente você já tenha ouvido esta frase em algum momento de sua vida.
Talvez, em virtude do atual cenário político do nosso país, você esteja
pensando um pouco sobre isso... Eu estou!
Mas, nosso interesse aqui está longe de
ser estritamente político; e sim, teológico e espiritual. Nosso ponto de
partida não será o atual governo de nosso país e, sim, os líderes espirituais,
políticos e militares de Judá e Jerusalém no ano de 740 a.C.
O texto de Isaías no mostra o quanto o
povo de Judá e Jerusalém estavam corrompidos. Sua corrupção estava presente nas
diversas áreas da vida pública e privada da nação. Não apenas a esfera política
havia sido corrompida, mas, também, a vida religiosa. As assembléias solenes da
nação estavam banhadas de iniquidade e tanto os governantes quanto o povo
haviam se esquecido de suas responsabilidades sociais, negligenciando os
pobres, os órfãos e as viúvas. Tudo isso, eram sintomas de algo maior - o povo
de Judá havia se rebelado contra o Senhor:
“Ah, nação pecadora, povo carregado de
maldade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram
o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, afastaram-se dele.”
Obviamente, a rebeldia de Judá não
ficaria impune, Deus se vingaria daqueles que profanaram sua aliança adorando
outros deuses e a si mesmos. O profeta Isaías, portanto, não apenas denuncia o
pecado da nação, mas, também, anuncia o terrível juízo de Deus contra os
profanadores da aliança. O próprio Deus se levantaria contra Judá, punindo-os
por sua rebeldia. Os capítulos 2.1-4.1 são, portanto (segundo
David Jackman), um catálogo da aflição.
Do capítulo 2.6-22, o profeta trata o
assunto em termos gerais. Deus desbarataria o orgulho e a auto exaltação humana
e, não haveria quem o pudesse deter. Nos versos seguintes, 3.1-4.1, o profeta
trata em termos mais específicos ao mostrar que o juízo de Deus contra Judá
teria início no meio do próprio povo. Deus levantaria líderes incompetentes e
os poria por governantes de Judá. Desta forma, o povo padeceria não pelas mãos
de uma nação inimiga, mas pelas mãos daqueles em quem eles depositavam suas
esperanças: seus líderes. Nisto consistiria o abandono de Deus relatado nos
capítulos 2.6 e 3.1. A instabilidade social seria a área em que todo o povo iria
sentir o julgamento de Deus.
Meninos em Lugar de homens
Deus retiraria todo o suporte e fornecimento
à Judá. A infraestrutura do governo experiente seria removida e a lacuna seria
preenchida por meras crianças (a linguagem usada pelo profeta é figurativa;
nesse caso, crianças, têm o significado de líderes incompetentes, bem como
mulheres mais a frente – vs. 12), resultando em anarquia
social e um completo desespero.
Neste ponto, lembramos a frase de João
Calvino: “Quando Deus quer punir uma nação, Ele lhes dá lideres corruptos e
iníquos.”
Rapina por Liderança
Dos versos 3.8-11, o texto trata de
forma mais específica sobre o povo. O povo de Judá e Jerusalém não eram meras
vítimas de um governo corrupto, na verdade, eles eram tão corruptos quanto seus
governantes. Podemos dizer que o governo era um mero reflexo do povo. Suas
atitudes afrontavam diretamente ao Senhor e por conta de sua queda moral e
espiritual seriam destruídos posteriormente. No entanto, as atitudes do povo
seriam retribuídas por Deus; as boas e as más. John
Oswalt afirma: “Deus é consistente, e seus caminhos são consistentes.
Viver em harmonia com esses caminhos é cumular bênçãos, em parte agora, mas
especialmente no fim. Viver desafiando esses caminhos é cumular o mal, não
agora, mas certamente no fim.”
Os versos 3.12-15, trata em termos da liderança. Os
líderes, que eram covardes e gananciosos, que governavam o povo para a própria
destruição deles (“Que loucura, para Judá, adular aqueles que os destruía,
enquanto ao mesmo tempo, sacudiam de si o suave jugo de Deus.” – John Oswalt), sofreriam
as consequências de seus atos, embora fossem, naquele momento, instrumentos de
Deus para punir o povo, portanto não deixariam de ser responsabilizados por
seus atos.
Vergonha em Lugar de Beleza
Na ultima parte do texto, a
passagem nos mostra qual é o resultado decorrente da rebeldia e tentação à Deus:
humilhação e vergonha. Representada aqui pela “Mulher de Sião”, Judá, está
humilhada, como resultado direto da confrontação contra o único que é
autossuficiente. Aquela que outrora vivia um estilo de vida ostentoso e
evidenciava em sua prática a conivência com o pecado do governo, está agora
desesperada por perpetuação e o mínimo de honra, tendo em vista que seus
joelhos foram dobrados pelo próprio “dedo” de Deus. John Owalt, conclui o
comentário dessa passagem com a seguinte afirmação: Aqui está o termo final de
nosso desejo de evitar a dependência (4.1). Tornar-nos-emos dependentes das
formas mais degradantes e desvantajosas. Em vez da exaltação e edificação que
provêm da grata submissão a Deus e uns aos outros (60.1-62.12), nosso esforço
para sermos auto-suficiêntes só nos trará humilhação, desespero e servidão.
Claro que muito se pode aplicar ao
nosso contexto social e eclesiástico a partir desta passagem. Como mencionei no
começo, fica difícil ler e estudar um texto como esse sem pensar na condição política
e social do nosso país. Em épocas de crise, surge a pergunta: de quem é a
culpa? De acordo com o texto, a resposta é obvia: a culpa é de todos. Não
adianta terceirizar a responsabilidade; obviamente, que não estamos isentando o
governo de suas responsabilidades e culpa. Mas, é difícil pensar que a moral do
povo seja muito diferente da moral do governante. No final, o governo, é
somente um reflexo do próprio povo. Lembre-se que Judá era conivente com o
governo corrupto.
Textos como esse de Isaías podem nos
ensinar que:
- Todos nós, como povo, não somos
apenas vitimas. Pelo contrário, somos tão ou quase tão corruptos quanto aqueles
que nos governam. Se não somos, é porque nos faltou oportunidade.
- Talvez o sofrimento pelo que passamos ou
venhamos passar é consequência dos nossos próprios pecados e das nossas
próprias escolhas; e este poder ser sim, Deus punindo o seu povo por um pecado
específico.
- Crises políticas, podem ser em alguma
instância, Deus tratando com a nação para que essa aprenda que não há esperança
em políticos e homens e que o único que pode redimir a sociedade é Cristo,
porém não podemos esperar ver a plenitude disso sem que antes venha a
consumação de todas as coisas.
- Talvez o nosso país esteja um
caos porque o povo é imoral e porque cristãos se tornaram meros espectadores e
são omissos em suas responsabilidades cristãs.
No passado, homens cristãos
influenciaram países inteiros, transformaram economias, política e educação. A
pergunta que fica é: onde foram parar esses homens? Não existem mais cristãos
hoje? Todos tomaram a forma das nações pagãs? Penso mesmo é que já não há
diferença entre o governo e o povo, entre a igreja e povo e o governo.
Precisamos mesmo é orar por avivamento, para que nossos joelhos não sejam
dobrados à força, da forma mais humilhante e estarrecedora. Deus tenha
misericórdia de nós.
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
01/10/15 - A casa de Jacó Abandonada: O Terror do Julgamento de Deus - Isaías 2.1-22
A casa de Jacó
Abandonada:
O Terror do Julgamento
de Deus
Isaías
2.1-22
Grande Ideia: O Senhor
humilha aquele que se exalta; pois, só Ele é digno de louvor e exaltação.
Atribui-se a C.S.
Lewis, a seguinte frase: “você não deve se perguntar se é uma pessoa orgulhosa;
e sim, o quão orgulhoso você é.” A tese de Lewis é de que em certa medida todo
homem é orgulho, alguns em maior escala e outros em menor escala, mas no final
das contas, todos são orgulhosos.
A Bíblia condena
claramente o homem altivo. Veja as seguintes passagens:
Provérbios 16.18: “A
soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.”
Provérbios 29.23: “A
soberba do homem o abaterá, mais o humilde de espírito obterá honra.”
Lucas 18.14: “[...]
porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será
exaltado.”
Mateus 23.12:
“Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si
mesmo se humilhar, será exaltado.”
Deus não suporta o
homem orgulho. A humildade deve ser característica marcante em um Cristão; mas,
sabemos que nem sempre o é. No entanto, este não é um problema exclusivamente
nosso, moderno. O orgulho, a soberba, a altivez, são problemas presentes entre
o povo de Deus desde antes da encarnação do Verbo.
Vejamos a situação da
nação do sul, Judá e Jerusalém.
O povo eleito de Deus
para ser como Deus, havia se tornado como todos os povos. Judá não conhecia o
Senhor, seus lideres se envolveram com povos e rituais pagãos. A religiosidade
de Judá não refletia a realidade da vida espiritual deles e Deus, por sua vez
denuncia o pecado da nação e rejeita todo “culto” por parte da nação
prostituta. No entanto, há uma palavra de esperança que no capítulo 1 alterna
com a denúncia e sentença de Yahweh contra Judá. O capítulo 2.1-5 contrasta
claramente com os versos posteriores, é uma promessa de esperança. No entanto,
o verso cinco é uma exortação: “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do
Senhor.”
Neste ponto, fica a
questão: por que Judá precisa aprender a andar na luz mesmo diante de uma
palavra de esperança futura? A resposta é muito clara: o povo de Judá precisava
aprender a andar na luz, porque embora houvesse esperança no futuro, o presente
da nação era de rebeldia contra o Senhor; e tal postura, redundaria em juízo.
No capítulo 1,
percebemos que a rebeldia de Judá residia na idolatria. No capítulo 2.6-22,
percebemos que essa idolatria, era também, uma espécie de “culto de si mesmos”;
Judá adorava suas próprias obras, suas conquistas e prosperidade. Eram
“autossuficientes.” No entanto, todo orgulho de Judá, bem como suas conquistas,
seriam reduzidos a nada; pois no ultimo dia, só o Senhor será exaltado.
Observando de mais
perto, podemos dividir nossa passagem em três partes:
Is. 2.6-11:
Satisfeitos, porém vazios;
Is 2.12-17: Altivo,
porém abatido;
Is 2.18-22: Reduzidos
às cavernas.
Nesta divisão, podemos
observar bem a situação de Judá, bem como as consequências por seus pecados. O
Senhor abandonou seu povo, e talvez não haja pior estado que este. No entanto,
Judá não ficaria impune. Yahweh humilharia a nação soberba e se exaltaria. Os
ídolos de Judá seriam destruídos e, o povo orgulhoso por suas conquistas e
posses, buscariam refugio nas cavernas, no entanto, não há nada que possa deter
o juízo terrível de Deus.
O verso 22 é um
poderoso sumario da passagem: “Afastai-vos por do homem”. Segundo John Oswalt[1],
Esse versículo esclarece que a passagem não poderia estar falando
principalmente da idolatria. Ela não nos informa sobre o que “é feito dos
ídolos”. Ao contrário, ela nos informa sobre o que será feito com o homem. A
idolatria é um resultado, não uma causa. É a exaltação do homem que resulta em
idolatria. O Problema é a tendência dos seres humanos de tornar-se o centro de
todas as coisas e de explicar todos as coisas em termos de nós mesmos. Existe
algum motivo para gloriar-se na humanidade? Absolutamente nenhum.
“Tu
reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens. Pois mil anos, aos
teus olhos, são como a dia de ontem que se foi e como a vigília da noite. Tu os
arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de madrugada;
de madrugada, viceja e floresce; a tarde murcha e seca. Pois somos consumidos
pela tua ira e pelo teu furor, conturbados. Diante de ti pusestes as nossas
iniquidades e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos.” Salmo 80.3-8
Conclusão:
De certa forma, o problema
do homem sempre foi a “autossuficiência” – Desde o princípio Gn 3.5-6. Para
John Piper, “Conhecimento do bem e do mal” é independência/autossuficiência.
Adão e Eva decidiram por si mesmos o que era bom e oque era mal. Assim, comer
da árvore, era uma declaração de independência de Deus.
Mas, essa
“independência”, só trouxe problemas ao homem:
O pecado entrou no
mundo;
A morte entrou no
mundo;
Tanto o homem quanto
a natureza estão debaixo da maldição do pecado;
Há consequências
terríveis por conta desta rebelião.
Quem pode resolver
essa situação? Somente Cristo. N’Ele, somos restaurados à comunhão com Deus; e,
todo ira do Senhor contra o homem rebelde e orgulhoso, é aplacada por meio de
seu sangue derramado na cruz. No entanto, o homem rebelde e “autossuficiente”,
no ultimo dia perecerá. Submetamo-nos, portanto, à autoridade e governo de
Deus.
Perguntas para
reflexão:
1.
Por que Deus abandonou seu povo? Isaías
2.6-9.
2.
Por que o julgamento de Deus deveria
cair sobre toda raça humana? Por que Judá não é diferente e o que ela deveria
fazer sobre isso?
3.
Como Deus lida com o homem orgulhoso?
4.
Você é uma pessoa orgulhosa? Ou, segundo
a lógica de Lewis, o quanto você é orgulhoso?
5.
O que você pode fazer para mudar?
Por
Ben-Hur Judah Lisboa
Lefol Ramos
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
24/09/15 - Isaías Profetiza a Vinda do Reino de Cristo (A glória futura de Jerusalém) - Isaías 2.1-5
ESTUDO BÍBLICO NOS LARES
Estudo dirigido em Isaías 2.1-5
Tema: Isaías Profetiza a Vinda do Reino de Cristo (A glória futura de Jerusalém).
Exórdio:
Você acredita em promessas de
políticos? Ou nas propagandas de produtos de beleza, emagrecimento, ou que
garantem um corpo escultural com pouco esforço e em pouco tempo?
Muitas vezes ouvimos promessas de toda
natureza. Mas nem sempre somos atraídos por essas promessas, pois quase nunca
elas se cumprem da forma como foram apresentadas. Tudo aquilo que é prometido,
gera em nós, via de regra, um sentimento de dúvida quanto ao seu cumprimento.
E quando falamos sobre igrejas que
dizem resolver este ou aquele problema, condicionando o resultado à fé, à
contribuição de qualquer natureza, ou ainda, à obrigação de Deus em fazer
aquilo que desejamos?
De fato, não somos muito crédulos
quando estamos tratando deste assunto.
Mas como agimos diante de promessas que
nos são apresentadas através das Escrituras? Infelizmente, muitas vezes, somos
tão incrédulos quanto na situação anterior. “Está escrito na Bíblia. Mas
será que vai acontecer”?
Contexto:
Olhando para o livro do profeta Isaías,
vemos que muitas promessas são feitas. Na verdade, não se tratam apenas de
promessas, mas sim de profecias, pois narram fatos futuros que se cumpriram ou
ainda se cumprirão. Mas vão acontecer.
Olhando para o capítulo 1, vemos
Isaías, por ordem do Senhor, apontar o pecado da nação de Israel (1.2a; 4) e
condenar o culto hipócrita que era prestado pelo povo (1.11; Am. 5.25-26).
Mas a partir do v. 18, há um convite ao
arrependimento e uma promessa de juízo aos que não se arrependerem (v.20).
Entrando então no bloco que vai do
capítulo 2 até o 4, vemos a descrição do futuro glorioso de Sião; depois
seguem-se várias repreensões e anúncios de destruição dirigidos à pecadora Sião
daquela época, e mais uma vez, estas repreensões e anúncios de destruição fazem
ecoar a promessa de uma cidade de Deus, purificada pelo julgamento. Essa
purificação independe da pecaminosidade do povo, mas será executada pela
vontade soberana de Deus.
Grande Ideia:
Por isso podemos afirmar que “O PLANO
DE DEUS PARA A RESTAURAÇÃO DO SEU POVO, DEPENDE TÃO SOMENTE DA SUA VONTADE
SOBERANA”. (4)
Estrutura:
1- A palavra é de Deus (1)
A profecia que Isaías está para
proferir não era fruto de suas convicções ou do seu conhecimento teológico. Era
Palavra de Deus por boca do profeta.
Essa concepção, no contexto do antigo
testamento era algo muito sério e, por isso, era levada muito a sério.
(Dt. 18.18-22) – Moisés estava no fim
da vida e precisava apresentar as credenciais daqueles que o sucederiam.
Contudo, alguns comentaristas afirmam que este texto, mesmo tratando dos
sucessores de Moisés, está apontado para Cristo, do qual Moisés e todos os
outros profetas eram tipos.
O fato é que a Palavra de Deus dada a
um profeta era extremamente séria. E o profeta não poderia se furtar da
responsabilidade de dizer o que Deus mandou dizer.
Mas há muitos falsos profetas nos
nossos dias dizendo, em nome de Deus, coisas que Deus não mandou dizer. E
desconsideram, por completo, as consequências disso. Não creem no juízo do Deus
Justo, cuja palavra não muda.
2- A ação é de Deus (2-4)
Quando lemos o texto dos versos 2 e 3,
entendemos que há um referencial a ser observado. E essa referência é o lugar
onde Deus habita.
No contexto de Isaías, o monte da Casa
do Senhor seria uma referência ao Monte Moriá, também conhecido como Sinai,
onde foi edificado o Templo.
Devemos nos lembrar que, nesse
contexto, o Templo representava ainda o local da habitação de Deus. Por essa
razão, usando de forma figurada essa referência, tratando dos últimos dias,
Isaías mostra que todas as nações se apresentariam diante de Deus.
Isso se dará por dois motivos: 1) todos
estarão perante Deus para serem julgados por Ele (Rm. 14.10)Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que
desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus.
; 2) uma demonstração da inserção dos
povos gentios no meio do povo, passando a ser parte integrante desse povo (Jo.
1.11-12) Veio para o que era seu, e
os seus não o receberam. Mas, a todos
quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber,
aos que creem no seu nome.
E o v. 4 encerra esse bloco mostrando o
julgamento final e seus resultados: as nações serão corrigidas; as armas de
guerra se tornarão como ferramentas agrícolas, que servem ao trabalho e não à
guerra; e haverá paz entre as nações.
Essa descrição nos mostra a restauração
de tudo que foi corrompido pelo pecado.
At. 17.30-31 – Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém,
notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto
estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um
varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os
mortos.
E Deus fará tudo isso, em Cristo e por
meio dele.
3- A direção é dada por Deus (5)
Essa expressão “LUZ”, se referindo a
Deus, aparece inúmeras vezes nas Escrituras. É uma referência ao fato de
estarmos constantemente na presença de Deus, agindo segundo o conselho da sua
vontade.
Veja o que diz o evangelista João
(3.19-21).
Olhando para a carta de Paulo aos
Efésios, vemos o seguinte: (5.8).
Diante dessas exortações, como servos
de Deus, devemos buscar andarmos na luz, pois isso é o que se exige daquele que
foi resgatado do império das trevas.
Conclusão:
Diante de todas essas colocações
podemos concluir que a profecia que Isaias apresenta nesse primeiro bloco do
capítulo 2, diz respeito à vinda do Reino de Cristo.
1- (v2)
O monte da Casa do Senhor – uma referência ao Templo literal que apontava para
o templo espiritual, que é a igreja do NT.
2- (v2-3)
Afluirão todas as nações – uma referência aos gentios alcançados pela graça.
(Rm. 14.10-11).
3- (v4)
Ele julgará entre os povos – uma referência a Jesus como o Supremo Juiz
Aplicações:
Precisamos estar atentos à nossa
postura diante das promessas de Deus para o seu povo, não para exigirmos que
Ele as cumpra o que prometeu, com se vê por aí, nem mesmo para cobrarmos d’Ele
aquilo que achamos ter por direito.
Nossa postura diante de Deus deve ser
de submissão e reverência. Mas muitas pessoas têm sido estimuladas a tratar
Deus como um amuleto.
Não nos preocupamos mais em prestar um
culto a Deus que agrade a Deus. Procuramos um culto que agrade a nós e, às
vezes, convidamos Deus para participar dele conosco e desejamos boas-vindas ao
dono da casa.
Precisamos estar atentos às promessas
de Deus, tão somente, porque Ele é Deus.
Lembrando das palavras de Moisés: “Deus não é
homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala,
e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Nm. 23.19).
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
17/09/15 - Denúncia, Apelo e Promessa de Deus - Isaías 1.1-31
ESTUDO
BÍBLICO NOS LARES
Estudo
dirigido em Isaías 1.1-31
Tema:
Denúncia, Apelo e Promessa de Deus
Grande
Ideia: O Santo de Israel expõe a natureza do pecado do seu
povo e suas consequências em julgamento.
Estrutura:
Is
1.2-9 – Deus expõe a rebelião e a consequência do pecado do seu povo
Is
1.10-20 – Deus condena a religiosidade e aponta um caminho de graça
a) Uma
religião inadequada Is 1.10-15
b) Exortação
a Santidade e Promessa do Evangelho Is 1.16-20
Is
1.21-31 – As respostas de Deus às realidades presentes
a) O
anúncio do juízo Is 1.21-26
b) O
destino dos ímpios Is 1.27-31
Contexto
O
chamado para o ministério profético do profeta Isaías se da aproximadamente em
740 a.C., ano da morte do rei Uzias (Is 6.1). Neste tempo, Deus, por meio de
seu profeta, denunciaria os pecados de Judá e Jerusalém, que durante um longo
período de paz e prosperidade haviam estado ocultos. Apesar da “boa aparência”,
Israel estava em rebelião contra o Senhor e, certamente, não ficaria impune.
Is
1.2-9 – Deus expõe a rebelião e a consequência do pecado do seu povo
Em
um primeiro momento, a profecia é uma exposição do pecado de Israel. Seus
pecados estavam ocultos apenas aos homens, não à Deus. O Senhor conhecia não
apenas as atitudes reprováveis de seu povo, mas, suas mentes e corações. Por
isso, aponta com precisão quais eram os pecados de seu povo.
Segundo
o profeta, o povo com o qual YAHWEH havia estabelecido um pacto de graça,
estava em rebelião contra o Senhor. As expressões “abandonaram o Senhor” e
“voltaram para trás”, bem como a provável referência ao culto pagão prestado a
divindades “que por natureza não são” (Gl 4.8) nos versos 4, 29-30, identificam
o pecado de Israel, ao menos nesta parte da passagem, como o pecado de idolatria.
Textos posteriores como 28.20; 29.25,26; 31.16; Jr 1.16; 9.13,14; Ez
20.8; Os 4.10 testificam a favor desta interpretação.
No
contexto cultura brasileiro, atribui-se idolatria apenas à prática religiosa do
católico romano, por isso, nos sentimos impelidos a condenar e aplicar essa
passagem apenas àquela prática e comportamento religioso, que de fato é
reprovável. No entanto, não podemos ser tão simplistas assim. Timothy Keller em
seu livro “Gálatas Para Você” define ídolo como tudo aquilo em que depositamos
a esperança de vida e de satisfação que não seja Cristo[1].
Por isso, a idolatria está presente em outros contextos, que não somente o
contexto católico romano. A partir da perspectiva de Keller, a idolatria pode
estar inclusive dentro de igrejas, famílias e indivíduos adeptos do
protestantismo histórico reformado. Esta era a realidade da nação de Israel.[2]
A
idolatria de Israel é, portanto, o motivo do tom de desalento e lamento
presentes na passagem. O pecado de Judá e Jerusalém era motivo de tristeza para
Deus. Em sua ignorância em relação ao Senhor, Israel é posta abaixo do nível de
um animal, que por sua vez, era capaz de reconhecer seu dono; no entanto,
Israel não conhecia seu Senhor. A seriedade da acusação fica evidente a partir
da análise cuidadosa do verbo conhecer, que nas Escrituras, possui também o
sentido de um relacionamento íntimo, afetuoso. De certa forma, o texto nos diz
que um animal era capaz de amar e nutrir maior afeto pelo seu dono do que
Israel pelo Senhor. Israel desprezava o Senhor.
No
entanto, por ter desprezado o Senhor e desconsiderado a severidade (Rm 11.22),
bem como as suas promessas (Dt 30.19), Israel sofreria as consequências de seus
atos abomináveis. Os versos 5 – 9 descrevem as consequências políticas sofridas
pela nação por conta de sua rebeldia. Tais versos são proféticos, e descrevem
as consequências sofridas pela nação de Israel após a invasão do império
Assírio no ano 701 a.C. A nação ficaria despojada, desolada e abandonada. No
entanto, o verso cinco nos mostra que a invasão Assíria, embora tivesse o
objetivo de punir, objetivava também conduzir a nação ao arrependimento. Israel
deveria compreender que o seu sofrimento era consequência do seu próprio
pecado; e então, arrepender-se e buscar a restauração de seu relacionamento com
o Senhor. No entanto, mesmo debaixo de tanto sofrimento, o povo continuou
obstinado em seus próprios caminhos.
Considera-se aqui um ponto de reflexão que
traz luz acerca do sofrimento humano. De certa forma, todo sofrimento é
consequência do pecado original, do qual herdamos tanto a culpa quanto a
corrupção que nossos pais – Adão e Eva – nos legaram. No entanto, nem todo
sofrimento é consequência de um pecado específico ou proveniente de
imoralidade. Entretanto, a passagem nos mostra que há sim, dores causadas por
pecados específicos e que o sofrimento é algo que deve nos conduzir a reflexão.
Atribuir todo mal a pecados específicos é extremo; mas, não considerar o pecado
em momento algum como causa do sofrimento, é o extremo oposto. Ou seja, um erro
que pode causar sérios prejuízos.
Por
fim, a comparação do verso nove é deveras impactante. Depois de reduzir Israel
a um status menor do que de um animal, Israel é comparada a Sodoma e Gomorra.
No entanto, a comparação aqui possui um aspecto positivo. Israel havia ofendido
de tal forma o Senhor que, não fosse sua misericórdia, a muito teria sido
extinguida.
Is 1.10-20 – Deus condena a religiosidade e
aponta um caminho de graça
Os
versos seguem, deixam claro que a raiz dos pecados de Israel era a sua
“religiosidade”. Zelosos de uma religiosidade meramente estética, a vida
litúrgica dos israelitas não refletia sua realidade moral e espiritual. Havia
um conflito entre uma religiosidade meramente estética e a pureza ética.
O
texto mostra uma nação que era zelosa em relação às leis cerimoniais (vs.
11-15), mas que a muito tempo havia se esquecido das leis morais e até mesmo
civis. A religiosidade de Israel era, portanto, hipócrita.
No
verso 10 a comparação com Sodoma e Gomorra retorna, no entanto, a referência
agora não é em relação à preservação da nação e a extinção das duas cidades e
sim, à moral do povo de Judá. David Jackman afirma que esta é a comparação mais
atormentadora presente no capítulo[3].
Segundo Jackman, não há diferença moral entre a nação de Israel e as cidades de
Sodoma e Gomorra.
a) Uma
religião inadequada Is 1.10-15
Mais especificamente,
os versos 11-15 nos mostra a maneira dura e incisiva com que Yahweh rejeita o
culto oferecido a Ele pelos Israelitas. O Senhor já não podia suportar seus
ajuntamentos (vs. 13); para Ele, tais cerimônias eram motivo de sofrimento (vs.
14). Isso porque a religiosidade estética dos israelitas estava muito distante
de sua prática. As mãos dos Israelitas estavam cheias de sangue (vs. 15), eram
maus (vs. 13), haviam se esquecido de suas responsabilidades sociais, esqueceram-se
dos pobres e das viúvas. Por isso, porque a religião deles era divorciada de
uma vida prática é que sua religião era hipócrita.
b) Exortação a Santidade e Promessa do Evangelho
Is 1.16-20
Note, porém, o
movimento da ameaça do julgamento para as promessas do evangelho. Deus está
dizendo: “não tem que ser assim”. Dos versos 16 a 20, vemos o Senhor valendo-se
de uma linguagem pactual, onde há promessa de redenção mediante a mudança de
conduta e arrependimento e, ameaça de julgamento mediante a obstinação. O que
está proposto à nação é a vida caso escolham a vida e, a morte, caso insistam
em suas práticas imorais (Dt 30.19). O texto chama atenção ao fato de que toda
escolha implica em alguma consequência.
Is
1.21-31 – As respostas de Deus às realidades presentes
A
passagem nos mostra que a realidade da nação de Israel é ruim: “seus príncipes
são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno e corre
atrás de recompensas. Não defendem o órfão, e não chega perante eles a causa
das viúvas” (vs. 23). Diante desta realidade, o Senhor da uma resposta.
a) O
anúncio do juízo Is 1.21-26
Deus
se vingaria de seus inimigos. O que nos chama a atenção, é o fato de que
inimigos nesta passagem são os próprios Israelitas; povo com quem Yahweh se
relacionava pactualmente. No entanto, neste movimento da ameaça do julgamento
às promessas do evangelho, há esperança de redenção, que procede apenas da
graciosa intervenção divina. Nesta passagem, Deus é aquele que dispensa tanto o
juízo quanto graça e misericórdia. D’Ele procede a justiça e a retidão. Mesmo
em um estado de inimizade, Deus se move em direção ao seu povo com graça,
conduzindo-os a uma resposta: arrependimento.
b) O
destino dos ímpios Is 1.27-31
Is
1.29-31 referem-se à região da Cananéia, com sua "mágica imitativa" e
cultos à fertilidade, tudo que está pronto para arder em chamas quando Deus
vier para julgar. Tudo aquilo que foi adorado como criador sendo criatura pelo
povo infiel seria, juntamente com o povo, destruído em julgamento. O verso 31
descreve a severidade e proporção do julgamento ao afirmar que não haverá quem
apague o fogo ardente que consumirá tanto o forte quanto a sua obra.
O
destino dos ímpios, portanto, é terrível. Àqueles que permanecerem obstinados
em seus pecados só lhes resta uma coisa: juízo.
Conclusão:
Concluímos
este estudo nas palavras de David Jackman:
“Somente
um comprometimento sincero com o Senhor assegura verdadeiros valores na vida. A
impiedade é sempre revelada em comportamento, não em religiosidade externa.
Quando o compromisso declina, valores são rapidamente erodidos. Como
correspondemos aos nossos compromissos pactuais (João 14.15,23)? Existem raízes
de irrealidade em nossa aparente devoção?”[4]
Perguntas
para reflexão:
1)
Is 1.2-4 - Quais são as acusações que
Deus levanta contra o seu povo, às quais ele convoca toda a criação a ouvir?
2)
Por que podemos ver uma situação de
desolação nacional sobre a nação de Israel?
3)
Nos versos 16 a 17 parece que Deus está
chamando o povo de Judá à conversão. Como isso é possível, sendo que eles
faziam parte do povo com quem Deus havia estabelecido um pacto? Será que há
possibilidade de pregarmos sobre a necessidade de conversão para “crentes”? Há
incrédulos membros de igrejas evangélicas? Será que você é uma dessas pessoas?
4)
Qual a única alternativa diante da
ameaça do julgamento?
5)
Qual o futuro daqueles que insistem em
sua rebelião?
Referencial Bibliográfico
JACKMAN, David. Teaching Isaiah. London: Proclamation
Trust Media. 2010, 304 p.
KELLER,
Timothy. Gálatas para você. São
Paulo: Edições Vida Nova. 2015, 205 p.
OSWALT, John N. Isaías, volume 1. São
Paulo: Cultura Cristã. 2011, 848 p.
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