quinta-feira, 17 de setembro de 2015

17/09/15 - Denúncia, Apelo e Promessa de Deus - Isaías 1.1-31

ESTUDO BÍBLICO NOS LARES
Estudo dirigido em Isaías 1.1-31
Tema: Denúncia, Apelo e Promessa de Deus
Grande Ideia: O Santo de Israel expõe a natureza do pecado do seu povo e suas consequências em julgamento.
Estrutura:
Is 1.2-9 – Deus expõe a rebelião e a consequência do pecado do seu povo
Is 1.10-20 – Deus condena a religiosidade e aponta um caminho de graça
a)      Uma religião inadequada Is 1.10-15
b)      Exortação a Santidade e Promessa do Evangelho Is 1.16-20
Is 1.21-31 – As respostas de Deus às realidades presentes
a)      O anúncio do juízo Is 1.21-26
b)      O destino dos ímpios Is 1.27-31

Contexto
O chamado para o ministério profético do profeta Isaías se da aproximadamente em 740 a.C., ano da morte do rei Uzias (Is 6.1). Neste tempo, Deus, por meio de seu profeta, denunciaria os pecados de Judá e Jerusalém, que durante um longo período de paz e prosperidade haviam estado ocultos. Apesar da “boa aparência”, Israel estava em rebelião contra o Senhor e, certamente, não ficaria impune.

Is 1.2-9 – Deus expõe a rebelião e a consequência do pecado do seu povo
Em um primeiro momento, a profecia é uma exposição do pecado de Israel. Seus pecados estavam ocultos apenas aos homens, não à Deus. O Senhor conhecia não apenas as atitudes reprováveis de seu povo, mas, suas mentes e corações. Por isso, aponta com precisão quais eram os pecados de seu povo.
Segundo o profeta, o povo com o qual YAHWEH havia estabelecido um pacto de graça, estava em rebelião contra o Senhor. As expressões “abandonaram o Senhor” e “voltaram para trás”, bem como a provável referência ao culto pagão prestado a divindades “que por natureza não são” (Gl 4.8) nos versos 4, 29-30, identificam o pecado de Israel, ao menos nesta parte da passagem, como o pecado de idolatria. Textos posteriores como 28.20; 29.25,26; 31.16; Jr 1.16; 9.13,14; Ez 20.8; Os 4.10 testificam a favor desta interpretação.
No contexto cultura brasileiro, atribui-se idolatria apenas à prática religiosa do católico romano, por isso, nos sentimos impelidos a condenar e aplicar essa passagem apenas àquela prática e comportamento religioso, que de fato é reprovável. No entanto, não podemos ser tão simplistas assim. Timothy Keller em seu livro “Gálatas Para Você” define ídolo como tudo aquilo em que depositamos a esperança de vida e de satisfação que não seja Cristo[1]. Por isso, a idolatria está presente em outros contextos, que não somente o contexto católico romano. A partir da perspectiva de Keller, a idolatria pode estar inclusive dentro de igrejas, famílias e indivíduos adeptos do protestantismo histórico reformado. Esta era a realidade da nação de Israel.[2]
A idolatria de Israel é, portanto, o motivo do tom de desalento e lamento presentes na passagem. O pecado de Judá e Jerusalém era motivo de tristeza para Deus. Em sua ignorância em relação ao Senhor, Israel é posta abaixo do nível de um animal, que por sua vez, era capaz de reconhecer seu dono; no entanto, Israel não conhecia seu Senhor. A seriedade da acusação fica evidente a partir da análise cuidadosa do verbo conhecer, que nas Escrituras, possui também o sentido de um relacionamento íntimo, afetuoso. De certa forma, o texto nos diz que um animal era capaz de amar e nutrir maior afeto pelo seu dono do que Israel pelo Senhor. Israel desprezava o Senhor.
No entanto, por ter desprezado o Senhor e desconsiderado a severidade (Rm 11.22), bem como as suas promessas (Dt 30.19), Israel sofreria as consequências de seus atos abomináveis. Os versos 5 – 9 descrevem as consequências políticas sofridas pela nação por conta de sua rebeldia. Tais versos são proféticos, e descrevem as consequências sofridas pela nação de Israel após a invasão do império Assírio no ano 701 a.C. A nação ficaria despojada, desolada e abandonada. No entanto, o verso cinco nos mostra que a invasão Assíria, embora tivesse o objetivo de punir, objetivava também conduzir a nação ao arrependimento. Israel deveria compreender que o seu sofrimento era consequência do seu próprio pecado; e então, arrepender-se e buscar a restauração de seu relacionamento com o Senhor. No entanto, mesmo debaixo de tanto sofrimento, o povo continuou obstinado em seus próprios caminhos.
 Considera-se aqui um ponto de reflexão que traz luz acerca do sofrimento humano. De certa forma, todo sofrimento é consequência do pecado original, do qual herdamos tanto a culpa quanto a corrupção que nossos pais – Adão e Eva – nos legaram. No entanto, nem todo sofrimento é consequência de um pecado específico ou proveniente de imoralidade. Entretanto, a passagem nos mostra que há sim, dores causadas por pecados específicos e que o sofrimento é algo que deve nos conduzir a reflexão. Atribuir todo mal a pecados específicos é extremo; mas, não considerar o pecado em momento algum como causa do sofrimento, é o extremo oposto. Ou seja, um erro que pode causar sérios prejuízos.
Por fim, a comparação do verso nove é deveras impactante. Depois de reduzir Israel a um status menor do que de um animal, Israel é comparada a Sodoma e Gomorra. No entanto, a comparação aqui possui um aspecto positivo. Israel havia ofendido de tal forma o Senhor que, não fosse sua misericórdia, a muito teria sido extinguida. 

 Is 1.10-20 – Deus condena a religiosidade e aponta um caminho de graça
Os versos seguem, deixam claro que a raiz dos pecados de Israel era a sua “religiosidade”. Zelosos de uma religiosidade meramente estética, a vida litúrgica dos israelitas não refletia sua realidade moral e espiritual. Havia um conflito entre uma religiosidade meramente estética e a pureza ética.
O texto mostra uma nação que era zelosa em relação às leis cerimoniais (vs. 11-15), mas que a muito tempo havia se esquecido das leis morais e até mesmo civis. A religiosidade de Israel era, portanto, hipócrita.
No verso 10 a comparação com Sodoma e Gomorra retorna, no entanto, a referência agora não é em relação à preservação da nação e a extinção das duas cidades e sim, à moral do povo de Judá. David Jackman afirma que esta é a comparação mais atormentadora presente no capítulo[3]. Segundo Jackman, não há diferença moral entre a nação de Israel e as cidades de Sodoma e Gomorra.  

a)      Uma religião inadequada Is 1.10-15

Mais especificamente, os versos 11-15 nos mostra a maneira dura e incisiva com que Yahweh rejeita o culto oferecido a Ele pelos Israelitas. O Senhor já não podia suportar seus ajuntamentos (vs. 13); para Ele, tais cerimônias eram motivo de sofrimento (vs. 14). Isso porque a religiosidade estética dos israelitas estava muito distante de sua prática. As mãos dos Israelitas estavam cheias de sangue (vs. 15), eram maus (vs. 13), haviam se esquecido de suas responsabilidades sociais, esqueceram-se dos pobres e das viúvas. Por isso, porque a religião deles era divorciada de uma vida prática é que sua religião era hipócrita.

b)        Exortação a Santidade e Promessa do Evangelho Is 1.16-20

Note, porém, o movimento da ameaça do julgamento para as promessas do evangelho. Deus está dizendo: “não tem que ser assim”. Dos versos 16 a 20, vemos o Senhor valendo-se de uma linguagem pactual, onde há promessa de redenção mediante a mudança de conduta e arrependimento e, ameaça de julgamento mediante a obstinação. O que está proposto à nação é a vida caso escolham a vida e, a morte, caso insistam em suas práticas imorais (Dt 30.19). O texto chama atenção ao fato de que toda escolha implica em alguma consequência.

Is 1.21-31 – As respostas de Deus às realidades presentes
A passagem nos mostra que a realidade da nação de Israel é ruim: “seus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno e corre atrás de recompensas. Não defendem o órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas” (vs. 23). Diante desta realidade, o Senhor da uma resposta.

a)      O anúncio do juízo Is 1.21-26
Deus se vingaria de seus inimigos. O que nos chama a atenção, é o fato de que inimigos nesta passagem são os próprios Israelitas; povo com quem Yahweh se relacionava pactualmente. No entanto, neste movimento da ameaça do julgamento às promessas do evangelho, há esperança de redenção, que procede apenas da graciosa intervenção divina. Nesta passagem, Deus é aquele que dispensa tanto o juízo quanto graça e misericórdia. D’Ele procede a justiça e a retidão. Mesmo em um estado de inimizade, Deus se move em direção ao seu povo com graça, conduzindo-os a uma resposta: arrependimento.

b)      O destino dos ímpios Is 1.27-31
Is 1.29-31 referem-se à região da Cananéia, com sua "mágica imitativa" e cultos à fertilidade, tudo que está pronto para arder em chamas quando Deus vier para julgar. Tudo aquilo que foi adorado como criador sendo criatura pelo povo infiel seria, juntamente com o povo, destruído em julgamento. O verso 31 descreve a severidade e proporção do julgamento ao afirmar que não haverá quem apague o fogo ardente que consumirá tanto o forte quanto a sua obra.
O destino dos ímpios, portanto, é terrível. Àqueles que permanecerem obstinados em seus pecados só lhes resta uma coisa: juízo.

Conclusão:
Concluímos este estudo nas palavras de David Jackman:
“Somente um comprometimento sincero com o Senhor assegura verdadeiros valores na vida. A impiedade é sempre revelada em comportamento, não em religiosidade externa. Quando o compromisso declina, valores são rapidamente erodidos. Como correspondemos aos nossos compromissos pactuais (João 14.15,23)? Existem raízes de irrealidade em nossa aparente devoção?”[4]

Perguntas para reflexão:
1)            Is 1.2-4 - Quais são as acusações que Deus levanta contra o seu povo, às quais ele convoca toda a criação a ouvir?
2)            Por que podemos ver uma situação de desolação nacional sobre a nação de Israel?

3)            Nos versos 16 a 17 parece que Deus está chamando o povo de Judá à conversão. Como isso é possível, sendo que eles faziam parte do povo com quem Deus havia estabelecido um pacto? Será que há possibilidade de pregarmos sobre a necessidade de conversão para “crentes”? Há incrédulos membros de igrejas evangélicas? Será que você é uma dessas pessoas?

4)            Qual a única alternativa diante da ameaça do julgamento?


5)            Qual o futuro daqueles que insistem em sua rebelião?

Referencial Bibliográfico
JACKMAN, David. Teaching Isaiah. London: Proclamation Trust Media. 2010, 304 p.
KELLER, Timothy. Gálatas para você. São Paulo: Edições Vida Nova. 2015, 205 p.
OSWALT, John N. Isaías, volume 1. São Paulo: Cultura Cristã. 2011, 848 p.




[1] KELLER, Timothy, 2015, p. 110.
[2] É claro que aqui usamos de anacronismo para descrever a situação espiritual da nação de Israel, tendo em vista que sendo eles povo da aliança, envolveram-se com religiosidade pagã e idólatra.
[3] JACKMAN, David. 2010, p. 67.
[4] JACKMAN, David. 2010, p. 68-69.

Nenhum comentário:

Postar um comentário