ESTUDO
BÍBLICO NOS LARES
Estudo
dirigido em Isaías 1.1-31
Tema:
Denúncia, Apelo e Promessa de Deus
Grande
Ideia: O Santo de Israel expõe a natureza do pecado do seu
povo e suas consequências em julgamento.
Estrutura:
Is
1.2-9 – Deus expõe a rebelião e a consequência do pecado do seu povo
Is
1.10-20 – Deus condena a religiosidade e aponta um caminho de graça
a) Uma
religião inadequada Is 1.10-15
b) Exortação
a Santidade e Promessa do Evangelho Is 1.16-20
Is
1.21-31 – As respostas de Deus às realidades presentes
a) O
anúncio do juízo Is 1.21-26
b) O
destino dos ímpios Is 1.27-31
Contexto
O
chamado para o ministério profético do profeta Isaías se da aproximadamente em
740 a.C., ano da morte do rei Uzias (Is 6.1). Neste tempo, Deus, por meio de
seu profeta, denunciaria os pecados de Judá e Jerusalém, que durante um longo
período de paz e prosperidade haviam estado ocultos. Apesar da “boa aparência”,
Israel estava em rebelião contra o Senhor e, certamente, não ficaria impune.
Is
1.2-9 – Deus expõe a rebelião e a consequência do pecado do seu povo
Em
um primeiro momento, a profecia é uma exposição do pecado de Israel. Seus
pecados estavam ocultos apenas aos homens, não à Deus. O Senhor conhecia não
apenas as atitudes reprováveis de seu povo, mas, suas mentes e corações. Por
isso, aponta com precisão quais eram os pecados de seu povo.
Segundo
o profeta, o povo com o qual YAHWEH havia estabelecido um pacto de graça,
estava em rebelião contra o Senhor. As expressões “abandonaram o Senhor” e
“voltaram para trás”, bem como a provável referência ao culto pagão prestado a
divindades “que por natureza não são” (Gl 4.8) nos versos 4, 29-30, identificam
o pecado de Israel, ao menos nesta parte da passagem, como o pecado de idolatria.
Textos posteriores como 28.20; 29.25,26; 31.16; Jr 1.16; 9.13,14; Ez
20.8; Os 4.10 testificam a favor desta interpretação.
No
contexto cultura brasileiro, atribui-se idolatria apenas à prática religiosa do
católico romano, por isso, nos sentimos impelidos a condenar e aplicar essa
passagem apenas àquela prática e comportamento religioso, que de fato é
reprovável. No entanto, não podemos ser tão simplistas assim. Timothy Keller em
seu livro “Gálatas Para Você” define ídolo como tudo aquilo em que depositamos
a esperança de vida e de satisfação que não seja Cristo[1].
Por isso, a idolatria está presente em outros contextos, que não somente o
contexto católico romano. A partir da perspectiva de Keller, a idolatria pode
estar inclusive dentro de igrejas, famílias e indivíduos adeptos do
protestantismo histórico reformado. Esta era a realidade da nação de Israel.[2]
A
idolatria de Israel é, portanto, o motivo do tom de desalento e lamento
presentes na passagem. O pecado de Judá e Jerusalém era motivo de tristeza para
Deus. Em sua ignorância em relação ao Senhor, Israel é posta abaixo do nível de
um animal, que por sua vez, era capaz de reconhecer seu dono; no entanto,
Israel não conhecia seu Senhor. A seriedade da acusação fica evidente a partir
da análise cuidadosa do verbo conhecer, que nas Escrituras, possui também o
sentido de um relacionamento íntimo, afetuoso. De certa forma, o texto nos diz
que um animal era capaz de amar e nutrir maior afeto pelo seu dono do que
Israel pelo Senhor. Israel desprezava o Senhor.
No
entanto, por ter desprezado o Senhor e desconsiderado a severidade (Rm 11.22),
bem como as suas promessas (Dt 30.19), Israel sofreria as consequências de seus
atos abomináveis. Os versos 5 – 9 descrevem as consequências políticas sofridas
pela nação por conta de sua rebeldia. Tais versos são proféticos, e descrevem
as consequências sofridas pela nação de Israel após a invasão do império
Assírio no ano 701 a.C. A nação ficaria despojada, desolada e abandonada. No
entanto, o verso cinco nos mostra que a invasão Assíria, embora tivesse o
objetivo de punir, objetivava também conduzir a nação ao arrependimento. Israel
deveria compreender que o seu sofrimento era consequência do seu próprio
pecado; e então, arrepender-se e buscar a restauração de seu relacionamento com
o Senhor. No entanto, mesmo debaixo de tanto sofrimento, o povo continuou
obstinado em seus próprios caminhos.
Considera-se aqui um ponto de reflexão que
traz luz acerca do sofrimento humano. De certa forma, todo sofrimento é
consequência do pecado original, do qual herdamos tanto a culpa quanto a
corrupção que nossos pais – Adão e Eva – nos legaram. No entanto, nem todo
sofrimento é consequência de um pecado específico ou proveniente de
imoralidade. Entretanto, a passagem nos mostra que há sim, dores causadas por
pecados específicos e que o sofrimento é algo que deve nos conduzir a reflexão.
Atribuir todo mal a pecados específicos é extremo; mas, não considerar o pecado
em momento algum como causa do sofrimento, é o extremo oposto. Ou seja, um erro
que pode causar sérios prejuízos.
Por
fim, a comparação do verso nove é deveras impactante. Depois de reduzir Israel
a um status menor do que de um animal, Israel é comparada a Sodoma e Gomorra.
No entanto, a comparação aqui possui um aspecto positivo. Israel havia ofendido
de tal forma o Senhor que, não fosse sua misericórdia, a muito teria sido
extinguida.
Is 1.10-20 – Deus condena a religiosidade e
aponta um caminho de graça
Os
versos seguem, deixam claro que a raiz dos pecados de Israel era a sua
“religiosidade”. Zelosos de uma religiosidade meramente estética, a vida
litúrgica dos israelitas não refletia sua realidade moral e espiritual. Havia
um conflito entre uma religiosidade meramente estética e a pureza ética.
O
texto mostra uma nação que era zelosa em relação às leis cerimoniais (vs.
11-15), mas que a muito tempo havia se esquecido das leis morais e até mesmo
civis. A religiosidade de Israel era, portanto, hipócrita.
No
verso 10 a comparação com Sodoma e Gomorra retorna, no entanto, a referência
agora não é em relação à preservação da nação e a extinção das duas cidades e
sim, à moral do povo de Judá. David Jackman afirma que esta é a comparação mais
atormentadora presente no capítulo[3].
Segundo Jackman, não há diferença moral entre a nação de Israel e as cidades de
Sodoma e Gomorra.
a) Uma
religião inadequada Is 1.10-15
Mais especificamente,
os versos 11-15 nos mostra a maneira dura e incisiva com que Yahweh rejeita o
culto oferecido a Ele pelos Israelitas. O Senhor já não podia suportar seus
ajuntamentos (vs. 13); para Ele, tais cerimônias eram motivo de sofrimento (vs.
14). Isso porque a religiosidade estética dos israelitas estava muito distante
de sua prática. As mãos dos Israelitas estavam cheias de sangue (vs. 15), eram
maus (vs. 13), haviam se esquecido de suas responsabilidades sociais, esqueceram-se
dos pobres e das viúvas. Por isso, porque a religião deles era divorciada de
uma vida prática é que sua religião era hipócrita.
b) Exortação a Santidade e Promessa do Evangelho
Is 1.16-20
Note, porém, o
movimento da ameaça do julgamento para as promessas do evangelho. Deus está
dizendo: “não tem que ser assim”. Dos versos 16 a 20, vemos o Senhor valendo-se
de uma linguagem pactual, onde há promessa de redenção mediante a mudança de
conduta e arrependimento e, ameaça de julgamento mediante a obstinação. O que
está proposto à nação é a vida caso escolham a vida e, a morte, caso insistam
em suas práticas imorais (Dt 30.19). O texto chama atenção ao fato de que toda
escolha implica em alguma consequência.
Is
1.21-31 – As respostas de Deus às realidades presentes
A
passagem nos mostra que a realidade da nação de Israel é ruim: “seus príncipes
são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno e corre
atrás de recompensas. Não defendem o órfão, e não chega perante eles a causa
das viúvas” (vs. 23). Diante desta realidade, o Senhor da uma resposta.
a) O
anúncio do juízo Is 1.21-26
Deus
se vingaria de seus inimigos. O que nos chama a atenção, é o fato de que
inimigos nesta passagem são os próprios Israelitas; povo com quem Yahweh se
relacionava pactualmente. No entanto, neste movimento da ameaça do julgamento
às promessas do evangelho, há esperança de redenção, que procede apenas da
graciosa intervenção divina. Nesta passagem, Deus é aquele que dispensa tanto o
juízo quanto graça e misericórdia. D’Ele procede a justiça e a retidão. Mesmo
em um estado de inimizade, Deus se move em direção ao seu povo com graça,
conduzindo-os a uma resposta: arrependimento.
b) O
destino dos ímpios Is 1.27-31
Is
1.29-31 referem-se à região da Cananéia, com sua "mágica imitativa" e
cultos à fertilidade, tudo que está pronto para arder em chamas quando Deus
vier para julgar. Tudo aquilo que foi adorado como criador sendo criatura pelo
povo infiel seria, juntamente com o povo, destruído em julgamento. O verso 31
descreve a severidade e proporção do julgamento ao afirmar que não haverá quem
apague o fogo ardente que consumirá tanto o forte quanto a sua obra.
O
destino dos ímpios, portanto, é terrível. Àqueles que permanecerem obstinados
em seus pecados só lhes resta uma coisa: juízo.
Conclusão:
Concluímos
este estudo nas palavras de David Jackman:
“Somente
um comprometimento sincero com o Senhor assegura verdadeiros valores na vida. A
impiedade é sempre revelada em comportamento, não em religiosidade externa.
Quando o compromisso declina, valores são rapidamente erodidos. Como
correspondemos aos nossos compromissos pactuais (João 14.15,23)? Existem raízes
de irrealidade em nossa aparente devoção?”[4]
Perguntas
para reflexão:
1)
Is 1.2-4 - Quais são as acusações que
Deus levanta contra o seu povo, às quais ele convoca toda a criação a ouvir?
2)
Por que podemos ver uma situação de
desolação nacional sobre a nação de Israel?
3)
Nos versos 16 a 17 parece que Deus está
chamando o povo de Judá à conversão. Como isso é possível, sendo que eles
faziam parte do povo com quem Deus havia estabelecido um pacto? Será que há
possibilidade de pregarmos sobre a necessidade de conversão para “crentes”? Há
incrédulos membros de igrejas evangélicas? Será que você é uma dessas pessoas?
4)
Qual a única alternativa diante da
ameaça do julgamento?
5)
Qual o futuro daqueles que insistem em
sua rebelião?
Referencial Bibliográfico
JACKMAN, David. Teaching Isaiah. London: Proclamation
Trust Media. 2010, 304 p.
KELLER,
Timothy. Gálatas para você. São
Paulo: Edições Vida Nova. 2015, 205 p.
OSWALT, John N. Isaías, volume 1. São
Paulo: Cultura Cristã. 2011, 848 p.
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