Esperança
em meio a condenação
O
Senhor promete restauração à nação pactual: o glorioso futuro garantido pelas
promessas de Deus.
Isaías 4.2-6
O livro de Isaías é
conhecido por suas mensagens duras ao povo de Israel no Antigo Testamento.
Imagine o leitor do
profeta diante das sentenças de juízo anunciadas. Imagine a reação deles diante
de palavras tão terríveis. Talvez, alguns, por causa da dureza de seus
corações, pudessem até permanecer indiferentes. Possivelmente essa indiferença
fosse a reação da maioria.
Mas imagine também o
contrário: o ouvinte ou leitor que perante à mensagem tão difícil, sente-se tocado
e, desesperado, busca uma solução. Seu destino parece ser terrível e sem saída.
De fato, sem as palavras de esperança dos capítulos 2.1-5 e 4.2-6, o leitor
original não poderia ver uma luz no fim do túnel. Sem elas, a única resposta
que faria sentido seria o total desespero, pois, o juízo teria como único
objetivo a punição.
Mas, em meio a terrível
sentença anunciada pelo profeta Isaías contra o povo de Judá e Samaria nos
capítulo 1 e 2.6-4.1 surge uma promessa contrastante entre aquilo que Israel é
e aquilo que Israel será. A “prostituta” seria mais uma vez chamada cidade
fiel.
A
Promessa do Renovo
A esperança de Judá diante
da sentença anunciada nos capítulos anteriores estaria no Renovo do Senhor.
Para alguns, este “Renovo” é uma referência ao próprio povo de Israel. No
entanto, o profeta Jeremias nos apresenta uma outra compreensão quando faz a
seguinte afirmação: “Eis que vem dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi
um Renovo justo; e rei que é, reinará e agirá sabiamente, e executará o juízo e
a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro;
será este o seu nome, como que será chamado: Senhor, Justiça nossa” (Jeremias
23.5-6). A partir dessas palavras podemos ver que Judá e Israel serão
beneficiadas nos dias do Renovo, portanto, Judá e Israel não são o renovo. Na
verdade, segundo o pesquisador do Antigo Testamento, John Oswalt, Israel
procede dele de maneira graciosa. Este Renovo que reinará é, portanto, uma
referência ao próprio Messias, ou seja, uma referência a Jesus Cristo. A glória
e o orgulho de Judá – que antes estava em suas próprias obras - estaria em
Jesus, aquele que é o mediador da glória de Deus (João 1.).
A
Promessa da Santificação
Uma nação que se tornou
tão diferente do Senhor em seu caráter moral, “naquele dia”[1],
virá a ser santa. É, portanto, na santificação do povo da aliança que reside o
propósito do juízo e da redenção. Por isso, David Jackman, um renomado teólogo e pastor inglês, afirma que a
disciplina de Deus tem um propósito restaurador. Deus quer que seu povo seja
santo. Em parte, porque pertencemos à Ele e, em parte, porque temos como dever
a manifestação do caráter divino.
A
Promessa de Proteção
A linguagem usada pelo
profeta nessa passagem deve ter levado seu leitor a uma profunda reflexão em
relação aos acontecimentos do passado. Ela levaria o povo de Judá a considerar
o pacto de Deus, ao qual, Ele é fiel. Assim como foi a proteção de Yahweh[2]
sobre o povo de Israel quando saíram do Egito, assim seria novamente. No
entanto esta proteção não é restrita a uma nação específica, mas é possessão de
todos o que adoram o Deus de Sião.
O mesmo fogo que os
purifica, é agora sua proteção e segurança. John Oswalt afirma: “E assim o
autor está dizendo que não há nada no universo criado que possa prejudicar os
que pertencem a Deus.”
Lembramos aqui das
palavras do salmista:
“O que habita no
esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente e diz ao Senhor: Meu
refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem me refugio.” (Sl. 91.1)
Conclusão
Concluímos, a partir da
reflexão feita acima, que não é prudente desconsiderar o sofrimento. Pode ser
que ele seja Deus nos guiando à auto avaliação e, por conseguinte, ao
arrependimento. Neste sentido, as lutas da vida, as dores e o castigo divino são
bençãos de Deus.
Esta é também uma
palavra de esperança para aqueles que sofrem. Na verdade, todos sofrem, mas, há
aqueles que sabem em quem repousar seu coração em tempos de angustia. Outros,
diante das lutas, não vêem alternativa alguma para seus problemas e por isso
apenas aguardam em desespero as piores coisas.
Aos que chegaram à
consciência de sua carência, pecado e dependência de Deus, este texto os
convida a colocar suas expectativas em Jesus. Ele é a luz do mundo, a luz no
final do túnel, o refrigério em tempos de aflição, a salvação para o homem
condenado pela culpa e pelo pecado herdado de nossos pais. Coloque, portanto,
seu coração e fé em Jesus.
Em Deus podemos nos
sentir seguros. Ele é aquele que nos protege; e nada poderá nos fazer mal. “Se
Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31).
[1] A
expressão “naquele dia” em versos anteriores, faz referência a um dia de juízo
terrível, no entanto, nesta passagem, a referência é ao dia da redenção do povo
de Deus. Redenção esta pela qual os eleitos de Deus foram alcançados no
sacrifício de Jesus e, a qual, ainda se espera plenamente na segunda vinda de
Jesus.
[2]
Nome para Deus no Antigo Testamento. O sentido do nome é explicado em Êxodo
3.14, onde se traduz, “Eu sou o que sou”. Assim interpretado, o nome indica a
imutabilidade de Deus. Contudo, não indica a imutabilidade de seu ser
essencial, mas sim a imutabilidade de sua relação com seu povo.
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