LAMENTO PELA VINHA DE DEUS
A ira do Senhor se acende contra o seu povo, quando este rejeita a Sua Lei e despreza a Sua Palavra.
Isaías 5.1-30
O capítulo 5 começa com um poema famoso de lamento, onde, sob a imagem da vinha infrutífera, o povo de Deus é advertido novamente, com grande urgência, sobre o vindouro dia do acerto de contas à luz da destruição devastadora que deveria ocorrer.
Mas se há alguma esperança, como ele se relaciona com o julgamento e como ela será concretizada? Como pode a cidade infiel se tornar a cidade fiel?
Os problemas que o profeta apresenta nessa passagem ressaltam, ainda mais, a justiça de Deus. Os sintomas sociais, ou pecados narrados no texto, revelam uma doença espiritual; o povo é enganado pelo pecado (v. 18-19), reverte os absolutos morais de Deus (v. 20) e é tolo o bastante para imaginar ser autossuficiente (v. 21), pensando ser meramente autoindulgente (v. 22-24), ou seja, é sábio aos seus próprios olhos pensando ser capaz de conceder perdão a si mesmo.
Não é à toa que este capítulo termina com escuridão incessante e grande angústia (v.30).
Por essa razão podemos afirmar que a ira do Senhor se acende contra o seu povo, quando este rejeita a Sua Lei e despreza a Sua Palavra.
1- O ZELO DO SENHOR E A CORRUPÇÃO DO POVO (v. 1-7)
O profeta inicia este capítulo apresentando, em forma de um cântico ou de um poema, a vinha de alguém que lhe era muito caro, uma pessoa amada.
Após expor o tema dessa canção ou desse poema, ele começa a descrever a vinha desse amigo, mostrando que se tratava de uma vinha extremamente favorecida: estava localizada em uma colina, cuja terra era muito fértil e, além desse privilégio, ainda era cuidada com todo o zelo pelo seu dono que afofava a terra, limpava as ervas daninhas e as pedras. Não somente isto, mas o dono da vinha também construiu ali uma torre e um tanque onde as uvas seriam pisadas para se extrair o vinho.
Mas o resultado não foi o pretendido: em lugar de uvas boas, a vinha produziu uvas bravas; pequenas, amargas e nada se podia fazer com elas.
Agora, no verso 3, não temos mais o profeta se referindo à vinha, mas sim o seu próprio dono.
Ele convoca os moradores de Jerusalém e de Judá a se pronunciarem acerca daquilo que deveria fazer diante da seguinte situação: plantou a vinha, cuidou dela, mas seus frutos não eram bons. Como não havia mais nada a se fazer com a vinha má, provavelmente o veredito do povo tenha sido na direção de apoiar ao senhor da vinha a deixa-la de lado, abandoná-la para que ela perecesse.
Interessante voltarmos olhos para o relato de II Samuel 12.1-7a, quando o profeta Natã repreende a Davi por conta do pecado cometido pelo Rei. Davi se ira contra o personagem da
história narrada pelo profeta. Contudo, aquele homem cruel apesentado por Natã, era o próprio
Rei Davi.
Não somos diferentes de Jerusalém, de Judá ou do Rei Davi; muitas vezes somos prontos
a apontar os pecados dos outros e nos esquecemos dos nossos, afinal de contas, há esperança,
há perdão e não há com o que nos preocuparmos. Será?
De fato, há esperança, mas essa esperança não nos tira do presente, nem nos afasta
da nossa responsabilidade diante do pecado.
No verso 7, então, Isaías retoma o discurso e esclarece que o senhor da vinha é o Deus
Yahveh e a vinha, é a casa de Israel.
2- “AIS” – A IRA DE DEUS CONTRA OS QUE REJEITAM A SUA LEI (v. 8-25)
Esse bloco nos apresenta uma lista de problemas que são relacionados pelo profeta.
I. Cobiça/avareza – expandem suas propriedades infinitamente, mas haverá um tempo onde
essas casas estariam abandonadas (v. 8-10);
II. Libertinagem/orgias – amor ao prazer e abuso da bebida, mas a festa seria encerrada
com cativeiro, fome, sede (v. 11-17);
III. Arrogância/iniquidade – pecadores desavergonhados; zombam de Deus, pedindo uma
execução antecipada do Seu plano (v. 18-19);
IV. Perversão – falsificadores da verdade (v. 20);
V. Injustiça/orgulho – rejeitam a instrução divina por meio do profeta (v. 21);
VI. Excessos/corrupção – negam a justiça (v. 22-23).
Rejeitam a lei do Senhor e desprezam a Sua Palavra. Por isso se acende a ira do
Senhor contra o seu povo, contra a sua vinha. (v. 25).
Por causa do pecado, nossa carne odeia tudo em Deus. Essa afirmação pode parecer muito
dura, mas é real.
Olhando para carta de Paulo aos Gálatas, capítulo 5, versos 19 a 21, vemos uma relação
de pecados que constantemente estão diante de nós, alimentando o pendor da nossa carne.
Contudo, há no final desse bloco a sentença contra aqueles que vivem na prática do pecado de
forma contumaz, sem que esse pecado lhes cause qualquer constrangimento ou aponte para a
necessidade de arrependimento.
3- A JUSTA RETRIBUIÇÃO (v. 26-30)
É possível que a descrição feita nestes versos seja referente à Assíria, por conta do seu
poderio militar, sua disposição para a guerra e a crueldade com a qual subjugava os povos
inimigos (v. 29 – “... arrebatam a presa e não há quem a livre”).
É importante lembrarmos que mesmo nações ímpias que se levantaram contra o povo de
Deus, não passavam de instrumentos nas mãos de Deus. Egito, Babilônia, Assíria, Pérsia, mesmo
confiando em todo o seu poderio, sempre estiveram a serviço de Yahveh, para cumprir os Seus
propósitos em relação ao Seu povo. (Isaías 10.5-6).
Diante dessa cena não haveria tranquilidade para Israel por onde quer que fosse, pois, o seu pecado seria constantemente tratado por Deus e esse tratamento era manifestado através de juízo, punição e uma correção severa.
Contudo, mesmo diante de uma nação ímpia e tão cruel como era a Assíria, esse não era o maior problema do povo e não deveria ser a razão primeira do seu temor.
O maior problema daquele povo, que é também o nosso problema hoje, está descrito nas palavras de Jesus, narradas pelo evangelista Lucas, no capítulo 12, verso 5:
“Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, a esse deveis temer.”
Conclusão:
Essa é uma mensagem dura. As palavras do profeta, mais uma vez, apontam o pecado e a dureza no coração do povo. Por essa razão, o juízo de Deus seria derramado justamente.
Mas precisamos dessa mensagem sombria, dura, porque Deus não só expõe o pecado do povo, mas Ele vai agir contra esse pecado.
Como é então que a exposição do pecado e da promessa de julgamento pode nos trazer esperança?
A esperança consiste no fato de que, uma vez conscientes do nosso pecado, devemos abandoná-lo, lutar contra ele e vivermos em novidade de vida, segundo as leis estabelecidas por Deus e segundo o que se exige daqueles que tiveram suas vidas transformadas pelo Cordeiro.
Nossa carne odeia tudo em Deus, pois para satisfazermos os desejos dela, precisamos estar distantes da Lei de Deus e de Sua Palavra. Mas quando estamos debaixo da Lei de Deus e de Sua Palavra, nossa carne vai sendo mortificada a cada dia, pois não é alimentada como deseja. Isso é santificação, e sem santificação ninguém verá o senhor, conforme Hebreus 12.14.
Se somos filhos de Deus, devemos viver como filhos de Deus.
Se fomos, de fato, lavados no sangue do Cordeiro, temos um padrão a seguir. Esse padrão é CRISTO!
Bibliografia
OSWALT, John. Isaías. Cultura Cristã: São Paulo, SP, 2011. JACKMAN, David. Teaching Isaiah. London: Proclamation Trust Media. 2010.
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
domingo, 18 de outubro de 2015
15/10/2015 - Esperança em meio a condenação - Isaías 4. 2-6
Esperança
em meio a condenação
O
Senhor promete restauração à nação pactual: o glorioso futuro garantido pelas
promessas de Deus.
Isaías 4.2-6
O livro de Isaías é
conhecido por suas mensagens duras ao povo de Israel no Antigo Testamento.
Imagine o leitor do
profeta diante das sentenças de juízo anunciadas. Imagine a reação deles diante
de palavras tão terríveis. Talvez, alguns, por causa da dureza de seus
corações, pudessem até permanecer indiferentes. Possivelmente essa indiferença
fosse a reação da maioria.
Mas imagine também o
contrário: o ouvinte ou leitor que perante à mensagem tão difícil, sente-se tocado
e, desesperado, busca uma solução. Seu destino parece ser terrível e sem saída.
De fato, sem as palavras de esperança dos capítulos 2.1-5 e 4.2-6, o leitor
original não poderia ver uma luz no fim do túnel. Sem elas, a única resposta
que faria sentido seria o total desespero, pois, o juízo teria como único
objetivo a punição.
Mas, em meio a terrível
sentença anunciada pelo profeta Isaías contra o povo de Judá e Samaria nos
capítulo 1 e 2.6-4.1 surge uma promessa contrastante entre aquilo que Israel é
e aquilo que Israel será. A “prostituta” seria mais uma vez chamada cidade
fiel.
A
Promessa do Renovo
A esperança de Judá diante
da sentença anunciada nos capítulos anteriores estaria no Renovo do Senhor.
Para alguns, este “Renovo” é uma referência ao próprio povo de Israel. No
entanto, o profeta Jeremias nos apresenta uma outra compreensão quando faz a
seguinte afirmação: “Eis que vem dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi
um Renovo justo; e rei que é, reinará e agirá sabiamente, e executará o juízo e
a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro;
será este o seu nome, como que será chamado: Senhor, Justiça nossa” (Jeremias
23.5-6). A partir dessas palavras podemos ver que Judá e Israel serão
beneficiadas nos dias do Renovo, portanto, Judá e Israel não são o renovo. Na
verdade, segundo o pesquisador do Antigo Testamento, John Oswalt, Israel
procede dele de maneira graciosa. Este Renovo que reinará é, portanto, uma
referência ao próprio Messias, ou seja, uma referência a Jesus Cristo. A glória
e o orgulho de Judá – que antes estava em suas próprias obras - estaria em
Jesus, aquele que é o mediador da glória de Deus (João 1.).
A
Promessa da Santificação
Uma nação que se tornou
tão diferente do Senhor em seu caráter moral, “naquele dia”[1],
virá a ser santa. É, portanto, na santificação do povo da aliança que reside o
propósito do juízo e da redenção. Por isso, David Jackman, um renomado teólogo e pastor inglês, afirma que a
disciplina de Deus tem um propósito restaurador. Deus quer que seu povo seja
santo. Em parte, porque pertencemos à Ele e, em parte, porque temos como dever
a manifestação do caráter divino.
A
Promessa de Proteção
A linguagem usada pelo
profeta nessa passagem deve ter levado seu leitor a uma profunda reflexão em
relação aos acontecimentos do passado. Ela levaria o povo de Judá a considerar
o pacto de Deus, ao qual, Ele é fiel. Assim como foi a proteção de Yahweh[2]
sobre o povo de Israel quando saíram do Egito, assim seria novamente. No
entanto esta proteção não é restrita a uma nação específica, mas é possessão de
todos o que adoram o Deus de Sião.
O mesmo fogo que os
purifica, é agora sua proteção e segurança. John Oswalt afirma: “E assim o
autor está dizendo que não há nada no universo criado que possa prejudicar os
que pertencem a Deus.”
Lembramos aqui das
palavras do salmista:
“O que habita no
esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente e diz ao Senhor: Meu
refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem me refugio.” (Sl. 91.1)
Conclusão
Concluímos, a partir da
reflexão feita acima, que não é prudente desconsiderar o sofrimento. Pode ser
que ele seja Deus nos guiando à auto avaliação e, por conseguinte, ao
arrependimento. Neste sentido, as lutas da vida, as dores e o castigo divino são
bençãos de Deus.
Esta é também uma
palavra de esperança para aqueles que sofrem. Na verdade, todos sofrem, mas, há
aqueles que sabem em quem repousar seu coração em tempos de angustia. Outros,
diante das lutas, não vêem alternativa alguma para seus problemas e por isso
apenas aguardam em desespero as piores coisas.
Aos que chegaram à
consciência de sua carência, pecado e dependência de Deus, este texto os
convida a colocar suas expectativas em Jesus. Ele é a luz do mundo, a luz no
final do túnel, o refrigério em tempos de aflição, a salvação para o homem
condenado pela culpa e pelo pecado herdado de nossos pais. Coloque, portanto,
seu coração e fé em Jesus.
Em Deus podemos nos
sentir seguros. Ele é aquele que nos protege; e nada poderá nos fazer mal. “Se
Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31).
[1] A
expressão “naquele dia” em versos anteriores, faz referência a um dia de juízo
terrível, no entanto, nesta passagem, a referência é ao dia da redenção do povo
de Deus. Redenção esta pela qual os eleitos de Deus foram alcançados no
sacrifício de Jesus e, a qual, ainda se espera plenamente na segunda vinda de
Jesus.
[2]
Nome para Deus no Antigo Testamento. O sentido do nome é explicado em Êxodo
3.14, onde se traduz, “Eu sou o que sou”. Assim interpretado, o nome indica a
imutabilidade de Deus. Contudo, não indica a imutabilidade de seu ser
essencial, mas sim a imutabilidade de sua relação com seu povo.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
08/10/2015 - A Loucura da Dependência Humana - Isaías 3.1-4
A Loucura da Dependência Humana
A
rebelião orgulhosa é auto destrutiva porque desencadeia a justa retribuição do
pacto do Senhor.
“Cada povo tem o governo que merece”.
Provavelmente você já tenha ouvido esta frase em algum momento de sua vida.
Talvez, em virtude do atual cenário político do nosso país, você esteja
pensando um pouco sobre isso... Eu estou!
Mas, nosso interesse aqui está longe de
ser estritamente político; e sim, teológico e espiritual. Nosso ponto de
partida não será o atual governo de nosso país e, sim, os líderes espirituais,
políticos e militares de Judá e Jerusalém no ano de 740 a.C.
O texto de Isaías no mostra o quanto o
povo de Judá e Jerusalém estavam corrompidos. Sua corrupção estava presente nas
diversas áreas da vida pública e privada da nação. Não apenas a esfera política
havia sido corrompida, mas, também, a vida religiosa. As assembléias solenes da
nação estavam banhadas de iniquidade e tanto os governantes quanto o povo
haviam se esquecido de suas responsabilidades sociais, negligenciando os
pobres, os órfãos e as viúvas. Tudo isso, eram sintomas de algo maior - o povo
de Judá havia se rebelado contra o Senhor:
“Ah, nação pecadora, povo carregado de
maldade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram
o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, afastaram-se dele.”
Obviamente, a rebeldia de Judá não
ficaria impune, Deus se vingaria daqueles que profanaram sua aliança adorando
outros deuses e a si mesmos. O profeta Isaías, portanto, não apenas denuncia o
pecado da nação, mas, também, anuncia o terrível juízo de Deus contra os
profanadores da aliança. O próprio Deus se levantaria contra Judá, punindo-os
por sua rebeldia. Os capítulos 2.1-4.1 são, portanto (segundo
David Jackman), um catálogo da aflição.
Do capítulo 2.6-22, o profeta trata o
assunto em termos gerais. Deus desbarataria o orgulho e a auto exaltação humana
e, não haveria quem o pudesse deter. Nos versos seguintes, 3.1-4.1, o profeta
trata em termos mais específicos ao mostrar que o juízo de Deus contra Judá
teria início no meio do próprio povo. Deus levantaria líderes incompetentes e
os poria por governantes de Judá. Desta forma, o povo padeceria não pelas mãos
de uma nação inimiga, mas pelas mãos daqueles em quem eles depositavam suas
esperanças: seus líderes. Nisto consistiria o abandono de Deus relatado nos
capítulos 2.6 e 3.1. A instabilidade social seria a área em que todo o povo iria
sentir o julgamento de Deus.
Meninos em Lugar de homens
Deus retiraria todo o suporte e fornecimento
à Judá. A infraestrutura do governo experiente seria removida e a lacuna seria
preenchida por meras crianças (a linguagem usada pelo profeta é figurativa;
nesse caso, crianças, têm o significado de líderes incompetentes, bem como
mulheres mais a frente – vs. 12), resultando em anarquia
social e um completo desespero.
Neste ponto, lembramos a frase de João
Calvino: “Quando Deus quer punir uma nação, Ele lhes dá lideres corruptos e
iníquos.”
Rapina por Liderança
Dos versos 3.8-11, o texto trata de
forma mais específica sobre o povo. O povo de Judá e Jerusalém não eram meras
vítimas de um governo corrupto, na verdade, eles eram tão corruptos quanto seus
governantes. Podemos dizer que o governo era um mero reflexo do povo. Suas
atitudes afrontavam diretamente ao Senhor e por conta de sua queda moral e
espiritual seriam destruídos posteriormente. No entanto, as atitudes do povo
seriam retribuídas por Deus; as boas e as más. John
Oswalt afirma: “Deus é consistente, e seus caminhos são consistentes.
Viver em harmonia com esses caminhos é cumular bênçãos, em parte agora, mas
especialmente no fim. Viver desafiando esses caminhos é cumular o mal, não
agora, mas certamente no fim.”
Os versos 3.12-15, trata em termos da liderança. Os
líderes, que eram covardes e gananciosos, que governavam o povo para a própria
destruição deles (“Que loucura, para Judá, adular aqueles que os destruía,
enquanto ao mesmo tempo, sacudiam de si o suave jugo de Deus.” – John Oswalt), sofreriam
as consequências de seus atos, embora fossem, naquele momento, instrumentos de
Deus para punir o povo, portanto não deixariam de ser responsabilizados por
seus atos.
Vergonha em Lugar de Beleza
Na ultima parte do texto, a
passagem nos mostra qual é o resultado decorrente da rebeldia e tentação à Deus:
humilhação e vergonha. Representada aqui pela “Mulher de Sião”, Judá, está
humilhada, como resultado direto da confrontação contra o único que é
autossuficiente. Aquela que outrora vivia um estilo de vida ostentoso e
evidenciava em sua prática a conivência com o pecado do governo, está agora
desesperada por perpetuação e o mínimo de honra, tendo em vista que seus
joelhos foram dobrados pelo próprio “dedo” de Deus. John Owalt, conclui o
comentário dessa passagem com a seguinte afirmação: Aqui está o termo final de
nosso desejo de evitar a dependência (4.1). Tornar-nos-emos dependentes das
formas mais degradantes e desvantajosas. Em vez da exaltação e edificação que
provêm da grata submissão a Deus e uns aos outros (60.1-62.12), nosso esforço
para sermos auto-suficiêntes só nos trará humilhação, desespero e servidão.
Claro que muito se pode aplicar ao
nosso contexto social e eclesiástico a partir desta passagem. Como mencionei no
começo, fica difícil ler e estudar um texto como esse sem pensar na condição política
e social do nosso país. Em épocas de crise, surge a pergunta: de quem é a
culpa? De acordo com o texto, a resposta é obvia: a culpa é de todos. Não
adianta terceirizar a responsabilidade; obviamente, que não estamos isentando o
governo de suas responsabilidades e culpa. Mas, é difícil pensar que a moral do
povo seja muito diferente da moral do governante. No final, o governo, é
somente um reflexo do próprio povo. Lembre-se que Judá era conivente com o
governo corrupto.
Textos como esse de Isaías podem nos
ensinar que:
- Todos nós, como povo, não somos
apenas vitimas. Pelo contrário, somos tão ou quase tão corruptos quanto aqueles
que nos governam. Se não somos, é porque nos faltou oportunidade.
- Talvez o sofrimento pelo que passamos ou
venhamos passar é consequência dos nossos próprios pecados e das nossas
próprias escolhas; e este poder ser sim, Deus punindo o seu povo por um pecado
específico.
- Crises políticas, podem ser em alguma
instância, Deus tratando com a nação para que essa aprenda que não há esperança
em políticos e homens e que o único que pode redimir a sociedade é Cristo,
porém não podemos esperar ver a plenitude disso sem que antes venha a
consumação de todas as coisas.
- Talvez o nosso país esteja um
caos porque o povo é imoral e porque cristãos se tornaram meros espectadores e
são omissos em suas responsabilidades cristãs.
No passado, homens cristãos
influenciaram países inteiros, transformaram economias, política e educação. A
pergunta que fica é: onde foram parar esses homens? Não existem mais cristãos
hoje? Todos tomaram a forma das nações pagãs? Penso mesmo é que já não há
diferença entre o governo e o povo, entre a igreja e povo e o governo.
Precisamos mesmo é orar por avivamento, para que nossos joelhos não sejam
dobrados à força, da forma mais humilhante e estarrecedora. Deus tenha
misericórdia de nós.
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